sexta-feira, 23 de maio de 2014

Curta Metragem- Heterofobia

Como seria nossa vida ao contrário?


     Como seria viver em um mundo invertido? No curta-metragem “Heterofobia” é mostrada a história onde o corriqueiro e aceito seriam as relações homossexuais  e o heterossexualismo, visto com abominação. Um vídeo tocante, onde mostra a vida de uma garota em plena adolescência que descobre ser heterossexual e tenta lutar contra o preconceito em relação a sua sexualidade e aceitação nos grupos sociais. A falta de apoio do meio familiar para sanar suas dúvidas lhe faz chegar a caminhos destrutíveis.

             

     Podemos fazer uma vasta discussão do diversos aspectos abordados no vídeo.  A homofobia trás marcas dolorosas que impregnam as mais variadas perspectivas da vivencia coletiva. Levantaremos diversos aspectos a respeito da homofobia como: A psicologia social, onde se mostra a necessidade que sentimos em participar e ser aceitos nos grupos sociais. Genealogia no que se refere à visão dos filhos em relação aos pais. Psicanálise e teoria da subjetividade, onde debateremos a punção de vida e morte além de dados estatísticos dos casos de homofobia no Brasil e no mundo.
 

     Nossa sociedade foi criada com base em normas e padrões. Padrões que guiam comportamentos e excluem os que não se adaptam a eles. Uma padronização surreal, tendo em vista que nós nunca nos adaptamos perfeitamente à todas as normas exigidas pela comunidade. No quesito sexualidade, nós também fomos normatizados, sendo imposto que o normal e aceito seria o heterossexualismo A igreja também apoia essa regra tendo em vista o pressuposto de que seria a única relação aceita por Deus, visando apenas o coito com função exclusiva de procriação. Quem saísse desse preceito seria visto como aberrações, condenadas para toda uma eternidade de sofrimento e condenação. Fundamentada essa hipótese, cresceu-se um ódio infundado naquilo que se considera diverso às normas sociais e religiosas. Nasce então a homofobia. Homofobia:  (homo, pseudoprefixo de homossexual , fobia do grego φόβος "medo", "aversão irreprimível").

 

     Adolescentes experimentam na puberdade, uma nova condição, a convivência em um grupo. Pertencer a um grupo não necessariamente assegura a relação entre os participantes.
“Grupos sociais são definidos como duas ou mais pessoas que interagem entre si. São interdependentes, no sentido que suas necessidades seus objetivos levam-nas a depender umas das outras.” (Cartwright e Zander, 1968; Lewin 1948).
     Afinal, ao fazer parte de uma reunião de pessoas que têm algo em comum, o jovem consegue conforto na forma de aceitação e acolhimento. Ao mesmo tempo, precisa defender posicionamentos que se chocam contra a individualidade de outrem, podendo degenerar em preconceito e agressividade. Como mostrado na película a jovem Ashley, não era aceita em seu grupo social, sofrendo as mais diversas formas de agressão, física e moral incluindo o Bullying, onde apelidos pejorativos eram criados com intuito de humilhar a vítima. Isso resultou o isolamento social de Ashley. A possibilidade de estar em grupo pode relaxar e facilitar a execução de tarefas, gerando confiança e conforto. Algo teoricamente singelo, mas tão difícil de se implantar pela dificuldade que muitos tem de aceitar o diferente.




     A jovem se sentia excluída não apenas dos grupos de convivência social, mas também do convívio em família, tendo em vista que suas mães não entendiam ou aceitavam a escolha de Ashley. Levando em conta a adolescência ser um momento de reorganização do indivíduo em relação a sua imagem corporal e a seu lugar no mundo, muitas vezes são mudanças físicas muito rápidas, deixando de ser criança e tendo de se adaptar a um novo papel na sociedade. E por essa falta de apoio, nossa protagonista se sente abalada além de abandonada por suas genitoras. É de suma importância um diálogo aberto em casa para que o adolescente se sinta seguro em falar sobre seus conflitos pessoais. Os pais precisam ter consciência, e por o amor que sentem por seus filhos acima de qualquer preconceito e crença sobre a sexualidade escolhida. O apoio moral por parte dos progenitores é de suma importância para que se  atravesse essa conturbada fase, ou as dificuldades para se relacionar e na vida profissional se estenderão por toda vida.
     Sentido-se perdida e odiada por todos que a rodeavam, isso faz Ashley desistir da vida praticando o suicídio. Agora temos em questão a punção de vida e morte: conceito introduzido por Freud em 1920, na sua obra Além do Princípio do Prazer. Para Freud, as pulsões não estariam localizadas no corpo e nem no psiquismo, mas na fronteira entre os dois e teriam como fonte o Id. A pulsão de vida se representaria pelas ligações afetuosas estabelecidas com outras pessoas, o mundo e consigo mesmo, todavia a pulsão de morte se manifestaria pela agressividade voltada para si mesmo e para o outro. O princípio do prazer e as pulsões eróticas são outras características da pulsão de vida. A pulsão de morte é caracteriza pela agressividade e compulsão à repetição. A fusão entre pulsão de vida e morte é constatada na dinâmica da neurose da angústia. A pulsão de morte elevará a excitação libidinal, sendo essa escoada pela pulsão de vida levando o sujeito, conduzido pelo princípio do prazer, a procurar objetos que minimizem os impactos da angústia.




     O preconceito regado de impunidade mostra que a homofobia ainda é um problema presente e constante em nosso país. Estatísticas compiladas pelo Grupo Gay da Bahia (GGB) sugerem que o Brasil é o país com a maior quantidade de registros de crimes homofóbicos do mundo, seguido pelo México e pelos Estados Unidos. De acordo com o GGB, um homossexual é morto a cada 36 horas no país. A homofobia é um fenômeno presente e variados contextos, como ambiente escolar ou nas relações de trabalho. O poder público federal brasileiro registrou, em 2011, 6.809 denúncias de violações de direitos humanos de caráter homofóbico (preconceito por orientação sexual e identidade de gênero presumida).De acordo com os dados - coletados através do Disque 100 (SDH), pela Central de Atendimento à Mulher, pelo Disque Saúde (Ministério da Saúde) e por emails e correspondências enviadas ao Conselho Nacional de Combate à Discriminação LGBT -, 67,5% das vítimas eram homens e 85,5%, homossexuais. Eles também são maioria na condição de suspeitos (52,5%), categoria cujos heterossexuais predominam (43,9%). As mulheres representam 26,4% das vítimas e 34,5% das agressoras. Do total das vítimas, 69% eram jovens (de 15 a 29 anos). Esse triste cenário só mudará quando prepararmos as novas gerações, de forma a tornar os jovens mais tolerantes às diferenças. Essa educação não é primordial apenas em âmbito acadêmico, mas fundamental que seja implantada nos lares, onde de fato são formadas as personalidade, de acordo com a vivência comum. Não há possibilidade de construção de uma sociedade livre, se forem ignorados, princípios básicos em respeito às igualdades de gênero, de cor e opção sexual.





Postagem pela aluna: Samira Rosceli
Fontes: Inclusão Diferente- O Espaço da Pessoa com Deficiência.  Yahoo.   Brasil Escola.  Estudando Psicologia
Publicado: 18.05.2013/ 06.05.13/ 22.05.2014/ 06.07. 2009
Edição: Ariane Menezes

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