Hoje
eu não tô pra ninguém! O que eles querem, afinal? Mal sei o que eu
quero, vou adivinhar o que eles querem... Meus pais são um pouco
confusos. Pow, hora querem que eu seja adulto e tenha responsabilidade.
Depois querem que eu seja a eterna criança deles. Essa semana foi
difícil! Não dá para entender eles!!! Meu pai falou alto e grosso
comigo, dizendo: "QUANDO VOCÊ VAI CRESCER? QUANDO IRÁ
TER RESPONSABILIDADE?!" Levei um baita susto. Mas, decidi fazer tudo o
que ele falou. Arrumei um emprego e estou bem, sabe... ganhando meu
dinheiro, comprando o que EU quero, com o meu próprio esforço. Fiz até
planos para sair de casa. Claro, daqui um tempo! Planejei tudo direito.
Tudo se encaixava perfeitamente. Quanto podia gastar por dia... onde
economizar... Fiz minha meta, e pelas minhas contas, poderia sair de
casa daqui uns... 7 anos! Fui correndo a eles. - "PAI! MÃE..." - fui
alegre contar minha ideia, queria mostrar que finalmente CRESCI. Tenho
responsabilidades! Pensei que contando isso, eles iriam ficar felizes
por minha mudança. Mas, foi o contrário. Que raiva! Vacilões! Eles
ficaram indignados comigo (pra variar!). Falaram que eu estava indo
longe demais. Que eu não iria sair de casa nem tão cedo! Que depois que
eu arrumei um emprego, mudei muito, deixei de sair com eles( como não? a
galera é bem mais legal), se sentiram traídos. Falaram mais... "-Quem
manda em você somos nós! Cortamos suas asinhas já já! Não tem nem idade
para isso!" Tipo, exigem de mim uma posição e quando a tomo, eles me
repreendem. Me colocam no lugar de nada e de dependência deles. Fiquei
na deprê, fui para o meu quarto, no meu mundo, onde eu e meus
pensamentos viajamos o mundo inteiro.
Caraca velho! Não consigo pensar
em nada, a não ser em acabar com essa angústia. Fazer como o Renato
fez... tirar a própria vida! Talvez essa seria uma maneira de dizer a
eles que eu existo, cara! Poxa, velho! Eles não entendem que eu tenho
vontades, sonhos (um pouco tolos, fato), mas são MEUS sonhos! Mas,
pensando bem, causaria uma dor enorme a eles, um sofrimento sem fim! Ai,
que raiva! Quando irei parar de pensar neles e pensar em mim? Eles não
pensam como eu me sinto, porque eu devo pensar neles?! Eu quero ganhar o
mundo... Ser livre, sabe? Sem nada para me prender... Sem âncoras! SER
LIVRE, viver minha existência!
Quantos adolescentes tem essa mesma
ideia? Será que só eu penso assim? Às vezes, me sinto estranho... Coisa
de louco! Não dá para explicar a ebulição de sentimentos que existe
dentro de mim. Mudo de ideia como a professora Josefina muda a cor
daquele cabelo horroroso! Sabe... Aquela música de Raul Seixas me define
muito bem: “Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante Do que ter aquela
velha opinião formada sobre tudo...”(cantando) No mundo é assim. Nada
certo nem incerto. Só sei nesse instante que preciso existir.
Afinal, eu
quero liberdade ?!?!?!? Ou meus pais são a liberdade?????? Bem, encerro
por aqui hoje... tenho que estudar. Mas... sei lá! Vou dormir!
PS: Hoje ela me deu “oi”!
PS: Hoje ela me deu “oi”!
Dia 26/05/14 (esse dia não acaba mais! Que saco!)
Postagem pelo aluno: Renato Santos
Fontes: Texto autoral
Publicado: 26.05.2014
Publicado: 26.05.2014
Edição: Ariane Menezes
Muito criativo!
ResponderExcluirMuito interessante Renato. Você conseguiu capturar brilhantemente o olhar do adolescente dentro das flutuações que encontra durante a moratória social. Parabéns.
ResponderExcluir