Qual o Olhar do Outro para nós que somos
loucos?
O Movimento da Luta Antimanicomial deu início em 1987
, e teve como lema: "Por uma sociedade sem manicômios", e o 18
de maio foi definido como o Dia Nacional da Luta Antimanicomial, data
comemorada desde então em todo o país. Em 2001 foi aprovada a Lei n° 10.216,
que dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas
portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde
mental. A prioridade da reforma Psiquiátrica não é abrir as grades e fechar os manicômios, mas para dar a essas pessoas uma melhor qualidade de vida, construindo um novo estatuto social para o doente mental, que lhe garanta cidadania, o respeito a seus direitos e sua individualidade.
No entanto, a reforma psiquiátrica não reformou o pensamento e as atitudes da sociedade, muitos ainda tem em mente a ideia de que o louco é perigoso e deve ser totalmente excluído do convívio social. A pessoa em sofrimento mental, através de um tratamento humanizado pode encontrar-se apto para ser inserido na sociedade, mas dificilmente a sociedade estará preparada para receber essa pessoa. É a sociedade quem dita as regras, Nós julgamos e excluímos os outros por não se encaixarem nos padrões impostos por nós mesmos. O olhar do outro sempre foi algo marcante e decisivo nas relações sociais, Os adolescentes que apresentam doenças mentais, por exemplo, são forçados a enfrentar as mudanças ocorridas na adolescência vivenciando todo o sofrimento de ser rotulado como louco. Se para um adolescente ‘’normal’’ às vezes se torna difícil viver todas as mudanças
ocorridas em seu corpo, o que dizer de um jovem que tem que vivê-las
enfrentando uma doença que muitas vezes lhe causa alterações em sua vida
cotidiana? A adolescência é um período de mudança na vida do indivíduo, muitas
vezes, esse processo de transmutação que constitui a síndrome da adolescência
normal, acaba sendo interpretado por leigos como doença, devido a diversas
mudanças no comportamento do adolescente, como por exemplo, a necessidade
de fantasiar e crescer intelectualmente, a tendência a viver em grupos, as
contradições nas manifestações de conduta rapidamente, e as alternâncias de
humor. Comportamentos
como esses são aceitáveis para o seu momento evolutivo, pois constituem
vivências necessárias para se atingir a maturidade.
Nesse sentido cabe a nós pensarmos como se manifesta a subjetividade desse sujeito em sofrimento, até que ponto ele é livre para pensar, sentir, e sonhar... A sociedade deve mudar de atitude em relação às pessoas em sofrimento mental, afinal deveríamos ser iguais, cada um com sua diferença. Devemos dar espaço e respeitar o outro, pois apesar de a Luta antimanicomial ter fechado os manicômios, como nos ensina Peter Pal Pelbart:
"Os manicômios, agora, são mentais, e são esses os muros mais difíceis de serem transpostos para se criar outros territórios, capazes de abrigar as diferenças.’’
Consideremos, pois, que nosso dever enquanto sociedade é romper a incabível prisão, que nós mesmos criamos. Sendo assim, vamos à luta. Por uma sociedade sem manicômios. Por liberdade. Cuidar não é prender, cuidar não é excluir. Cuidar é amar.
Postagem pela aluna: Janai Gonçalo
Fontes: Universidade Federal do Rio Grande do Sul/Instituto de Psicologia/Departamento de Psicologia Social e Institucional
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Blog Subjetividade Compartilhada
Revista Oficial do Núcleo de Estudos da Saúde do Adolescente/ UERJ- Adolescência & Saúde
Publicado: 11.06.2007 / 14.06.2012 / Abr-Jun 2006
Edição: Ariane Menezes
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REVISTA OFICIAL DO NÚCLEO DE ESTUDOS DA SAÚDE DO ADOLESCENTE / UERJ
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