domingo, 18 de maio de 2014

O Movimento da Luta Antimanicomial

Qual o Olhar do Outro para nós que somos loucos?


     O Movimento da Luta Antimanicomial deu início em 1987

, e teve como lema: "Por uma sociedade sem manicômios", e o 18 de maio foi definido como o Dia Nacional da Luta Antimanicomial, data comemorada desde então em todo o país. Em 2001 foi aprovada a Lei n° 10.216, que dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental.  A prioridade da reforma Psiquiátrica não é abrir as grades e fechar os manicômios, mas para dar a essas pessoas uma melhor qualidade de vida, construindo um novo estatuto social para o doente mental, que lhe garanta cidadania, o respeito a seus direitos e sua individualidade.



     No entanto, a reforma psiquiátrica não reformou o pensamento e as atitudes da sociedade, muitos ainda tem em mente a ideia de que o louco é perigoso e deve ser totalmente excluído do convívio social. A pessoa em sofrimento mental, através de um tratamento humanizado pode encontrar-se apto para ser inserido na sociedade, mas dificilmente a sociedade estará preparada para receber essa pessoa. É a sociedade quem dita as regras, Nós julgamos e excluímos os outros por não se encaixarem nos padrões impostos por nós mesmos. O olhar do outro sempre foi algo marcante e decisivo nas relações sociais, Os adolescentes que apresentam doenças mentais, por exemplo, são forçados a enfrentar as mudanças ocorridas na adolescência vivenciando todo o sofrimento de ser rotulado como louco. Se para um adolescente ‘’normal’’ às vezes se torna difícil viver todas as mudanças ocorridas em seu corpo, o que dizer de um jovem que tem que vivê-las enfrentando uma doença que muitas vezes lhe causa alterações em sua vida cotidiana? A adolescência é um período de mudança na vida do indivíduo, muitas vezes, esse processo de transmutação que constitui a síndrome da adolescência normal, acaba sendo interpretado por leigos como doença, devido a diversas mudanças no comportamento do adolescente, como por exemplo, a necessidade de fantasiar e crescer intelectualmente, a tendência a viver em grupos, as contradições nas manifestações de conduta rapidamente, e as alternâncias de humor. Comportamentos como esses são aceitáveis para o seu momento evolutivo, pois constituem vivências necessárias para se atingir a maturidade.


      Nesse sentido cabe a nós pensarmos como se manifesta a subjetividade desse sujeito em sofrimento, até que ponto ele é livre para pensar, sentir, e sonhar... A sociedade deve mudar de atitude em relação às pessoas em sofrimento mental, afinal deveríamos ser iguais, cada um com sua diferença. Devemos dar espaço e respeitar o outro, pois apesar de a Luta antimanicomial ter fechado os manicômios, como nos ensina Peter Pal Pelbart: 

"Os manicômios, agora, são mentais, e são esses os muros mais difíceis de serem transpostos para se criar outros territórios, capazes de abrigar as diferenças.’’   
      Consideremos, pois, que nosso dever enquanto sociedade é romper a incabível prisão, que nós mesmos  criamos.  Sendo assim, vamos à luta. Por uma sociedade sem manicômios. Por liberdade. Cuidar não é prender, cuidar não é excluir. Cuidar é amar.






Postagem pela aluna: Janai Gonçalo
Fontes: 
Universidade Federal do Rio Grande do Sul/Instituto de Psicologia/Departamento de Psicologia Social e Institucional
Blog Subjetividade Compartilhada 
Revista Oficial do Núcleo de Estudos da Saúde do Adolescente/ UERJ- Adolescência & Saúde
Publicado:  
11.06.2007 / 14.06.2012 / Abr-Jun 2006
Edição: Ariane Menezes
REVISTA OFICIAL  DO NÚCLEO DE ESTUDOS DA SAÚDE DO ADOLESCENTE / UERJ
REVISTA OFICIAL DO NÚCLEO DE ESTUDOS DA SAÚDE DO ADOLESCENTE / UERJ



Nenhum comentário:

Postar um comentário